sexta-feira, 7 de junho de 2019

Rainha de Faces

Rainha com tu és duas caras
Mentes como se teu toque ou tua fala
Não machucasse corações
Rainha como pode me mostrar
Essa face que é tão amarga

No descuido da minha displicência
Perdi a conexão
E tu rainha de copas
Dona da minha história
Gestora da minha paixão
Resolveu largar as amarras
Mostrou a outra cara
Despedassou os sonhos e a ilusão

Agora fico eu, em teu reino
Me sentindo um forasteiro
Cavalgando entre o temor
E o que eu julgava ser amor

No compasso dessa louca dança
Onde tu me mostras as tuas faces
Brinca com minha sanidade
E quer acabar com meu vigor
Jogando toda a merda no ventilador

Com um aparato de desilusão
e um saco de mágoa em baixo do braço
Vou buscando meu espaço
Me desprendo do estrago
E busco minha rendencão

Agora não sei se pra ti Rainha!
Sou Valete ou coringa
Não sei mais
Se tu é copas ou espada
Só sei que por conta dessas duas caras
Esse plebeu aqui
Vai declarar independência
E acabar com a monarquia.

Suspeito

Suspeito de ser eu
Me obrigaram a engolir sapos
E aguentar calado
Todas as dores do mundo

Suspeito de ser instrumento de revolta
Me calaram a boca e a alma
Calaram-me a fala

E disseram:
Engula toda essa dor
e ai de ti seu moleque
Se ousar rezar uma prece
Dizendo que foi eu quem te castigou!

sábado, 1 de junho de 2019

Menino

Eita menino
O teu vazio voltou
Mas pra que tanto medo menino?

A mudança faz parte
Então sem alarde
Começa a aceitar
A vida revira e gira
E vai pondo cada coisa em seu lugar

Se hoje o vazio te toca
Então por que não abraçar?
Se aprofunda em ti
Descobre onde quer chegar
É menino, tá na hora de mudar

Teus sonhos tão ao teu alcance
Então não perde a chance
Vai batalhar

O mundo gira menino
Então pega tudo que tu tem
Transforma em ritmo
Pra poder acompanhar
Finca os pés em ti
Que o futuro é imensidão
E o teu chão
É você.

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Assassino

Fui acusado de um assassinato cruel
Mas agi em legítima defesa
Se eu não matasse elas
Elas me matariam

Foi de fato um assassinato
Tive de matar uma por uma
Até não sobrar rastros

Fazia tempo que elas me incomodavam
Me lembravam do passado e da solidão
Então em um dia não tão belo
Resolvi matar todas A sangue frio

Matei as borboletas do estômago
Elas já não cumpriam mais a sua função
E me lembravam de uma paixão
Que definhava para o fim

Então tive de matar todas
Cada asa e antena virou pó
Para combinar com um coração vazio
Não se pode ter vida no estômago

Então eu culpado
E de mal com o passado
Encontro abrigo
Nos braços do vazio.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Marginal, Marginal.

Marginal
É assim que tentam me rotular
Marginal aquele que está à margem
Aquele que não tem vez no todo

Sim
Não tenho vez
Não me encaixo
Na brincadeira de quebra cabeças da sociedade
Me esqueceram
Me deixaram largado num canto
Sem me dar o devido lugar

Marginal
Aquém do que devia ser o "certo"
O apedrejado
O que merece apanhar
Já que é marginal
Não tem vez nem voz
Então nesse aí pode socar

Depois de tantos crivos
E os esgotos vazios que tive de me arrastar
Uma classificação não vai piorar

Disseram marginal
Então tomei pra mim a palavra
Me apoderei dela
Me emponderei dela
E agora ela é ferramenta de luta, de fúria

Levantai-vos todos os marginais
Gritem pelas ruas
Se não querem nos encaixar
Vão engolir goela abaixo
Vamos mesmo é incomodar

Chama vai
Chama os negros marginalizados
Chama as manas e as travesti
Chama os índios e todos que quiserem lutar

A sociedade nos pois pra fora
Então vamos nos levantar
Esse quebra cabeças vai encaixar
Ou vai desmontar
Por que se temos força pra aguentar a dor
Então temos força pra reivindicar

Levantai-vos todos os marginais
Quebrem barreiras
Se encaixem
E sejam maiores
Muito mais fortes
Do que quem quis te expulsar

O padrão que impera
É agressivo
Então por instinto
Vamos confrontar.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Desaponto

Aquele sentimento que te corrói
E rompe qualquer entusiasmo
Do passado
Te deixando em profunda amargura

Porque é nos minimos
Da tua propria ilusão
Que está verdadeiro fim

A frustração
Cala o íntimo da força de vontade
E a vaidade de quem se quer ser
E do que se quer ter

Talvez seja esse roda gigante
Chamada vida
Que te joga pra cima
E as vezes te empurra pro chão

E de tanto cair em buracos
E se afundar a cada passo
Você aprende a lidar com a ilusão

E entre cada crivo
E estaca enfiada no teu íntimo
O que resta é aprender
O que aquilo te traz de lição.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Garrafa D'água

Dentro da garrafa d'água
Jazia o mar
Jazia o desconhecido

As feras se revoltavam por lá
A tempestade no céu
Trovejava e sacudia a superfície

A arraia saltava
e tentava alcançar
Os temidos e amados trovões

No profundo
O peixe e o golfinho
Dançavam uma valsa
Ao cântico da tempestade

Mas o homem
Sedento de tudo
Não liga pro mar
Não liga pra valsa
Só liga pra sede

E assim o homem
De gole em gole
Engoliu tudo
Não sobrou uma gota
Apenas sede.